Energia solar fotovoltaica
12 de agosto de 2019

Painéis solares são recicláveis?

Afinal, os painéis solares podem ou não serem reciclados? O que fazer quando a vida útil deles se esgotar? Entenda toda a discussão sobre esse tema.

Mesmo sabendo que a energia solar é uma fonte renovável e ambientalmente correta, existe uma intensa discussão no mercado sobre o destino final dos painéis solares, assim que eles perdem a sua vida útil.

Afinal de contas, os painéis podem ser reciclados, evitando o descarte incorreto? Vamos entender um pouco mais sobre essa discussão e o que está sendo feito sobre isso. Afinal, essa questão já foi levantada e soluções já estão sendo desenvolvidas. Acompanhe.

O fim do ciclo de vida dos painéis solares: e agora?

Bom, antes de mais nada, é preciso ressaltar que uma das grandes vantagens da energia solar é a durabilidade do sistema. Em geral, a vida útil dos painéis solares gira em torno de 25 a 35 anos – e alguns modelos de alta eficiência podem chegar a uma vida útil de 40 anos ( e, mesmo depois desse tempo, continuarem fornecendo energia, mesmo que em uma quantidade menor).

Mas e quando os painéis solares realmente perdem suas vidas úteis?

Até o momento, ainda não existem medidas efetivas para resolver esse impasse. Se levarmos em consideração que a energia solar vem avançando mundo afora, incluindo por aqui, graças ao barateamento dos custos, então, essa é realmente uma questão urgente a ser resolvida, enquanto a demanda ainda é considerada pequena.

As placas solares são classificadas na mesma categoria que o chamado lixo eletrônico, como baterias, computadores, celulares, televisores, etc. E, como sabemos, pelo menos aqui no Brasil, ainda são poucas as iniciativas efetivas do descarte correto desses materiais, já que parte de suas composições podem ser recicladas, retornando na composição de novos produtos.

Eis a situação: segundo dados da empresa britânica GreenMatch, se métodos de reciclagem não forem implementados, até o ano de 2050 haverá 60 milhões de toneladas de resíduos de placas solares em aterros – a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) estima que essa conta pode atingir 78 milhões de toneladas.

Aliás, o Brasil está incluído nessa estatística. Eis a projeção feita pela GreenMatch:

  • 2020: 40 toneladas.
  • 2030: 2.500 toneladas.
  • 2040: 18.000 toneladas.
  • 2050: 300.000 toneladas.

Mas os painéis solares podem ser reciclados?

Sim. Em primeiro lugar, vamos entender qual é a composição de um painel solar de silício, que é o modelo mais utilizado:

  • 76% vidro;
  • 10% plástico;
  • 8% alumínio;
  • 5% silício;
  • 1% metais.

O processo de reciclagem de um painel solar de silício pode ser feito dessa maneira:

  • Desmonta-se o produto para separar as peças.
  • Quase todo o vidro (95%) pode ser reutilizado.
  • As partes externas de metal podem ser usadas para remodelar quadros de células fotovoltaicas.
  • O restante é tratado a 500°C para facilitar a ligação entre os elementos. Nesse processo, o plástico evapora (e reutilizado como fonte de calor para esse procedimento), deixando as células de silício prontas para serem processadas.
  • Após esse tratamento térmico, o hardware é separado – 80% dele pode ser reutilizado e o restante é refinado.
  • As partículas de silício são removidas com ácido e derretidas para ser utilizadas novamente na fabricação de novos painéis de silício.

Viu só? Todo esse processo significa que 85% do painel solar pode ser reciclado.

E agora?

Felizmente, já existe interesse mundo afora na resolução desse desafio. A questão é: tornar esses processos de reciclagem acessíveis aos governos e populações, extraindo o máximo de benefícios possíveis e uma estrutura adequada.

De acordo com o GreenMatch, estima-se que a reciclagem dos painéis solares vai criar oportunidades de emprego e uma economia em torno de 11 bilhões de dólares até 2050. Tudo isso possibilitaria a produção de 2 bilhões de novos painéis solares, sem a necessidade de investir em novas matérias-primas – uma capacidade de produção de 630 GW (gigawatts).

Iniciativas estão sendo feitas. Na União Europeia, desde 2015, o CABRISS, um consórcio composto por dezenas de empresas e vários institutos de pesquisas, estuda projetos que possibilitem uma reciclagem otimizada e rentável de painéis solares.

Portanto, mesmo sendo uma possibilidade futura, a reciclagem de painéis solares é um fato que merece ser levado em consideração pelo mundo, já que a demanda por esse serviço aumentará gradativamente e será verdadeiramente um problema até 2050.

Aguardemos os próximos capítulos desse desafio. Enquanto isso, confira 10 perguntas recorrentes sobre energia solar para esclarecer as suas dúvidas.

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